“Minhas quase mulheres”, de Ivair Lima é a busca do amor ideal
Mariza Santana
O escritor mineiro radicado em Goiás Ivair Lima é um autor contumaz. Com pelo menos quatro livros de contos e cinco romances publicados, outros à espera de seguir para o prelo e alguns roteiros ainda na cabeça, ele é uma espécie de herói da literatura, sempre buscando vender exemplares de seus livros para poder angariar os recursos financeiros que possam viabilizar a publicação de novas obras.
De aspecto franzino, mas um gigante das letras, Ivair segue trilhando o caminho literário, contando histórias, criando personagens e narrativas que têm como cenário principalmente uma Goiânia que não existe mais, aquela capital dos anos de 1970 e 1980. Recentemente recebi mensagem do escritor, onde ele propunha um desafio: vamos ver se você lê mais livros ou seu eu escrevo mais publicações. O páreo, de fato, não é para os fracos, mas certamente ler um romance ainda é mais fácil do que escrevê-lo. Então vamos falar de mais uma publicação do autor.
O novo romance de Ivair Lima, denominado “Minhas quase mulheres” tem como protagonista Rafael, um jovem nascido na cidade goiana fictícia de Mirante, que depois se muda para Goiânia em busca de estudo e trabalho. Inicialmente, o cotidiano do ainda adolescente é igual a de tantos que moraram em uma pequena cidade do interior, onde todos se conhecem.
Nessa fase da adolescência, surge a primeira paixão de Rafael, e ela foi instantânea e fulminante. Uma menina recebida pelas primas na Rodoviária chama a atenção do jovem, que fica imaginando mil formas de se aproximar dela. Para sua surpresa, a garota da capital se chamava Rafaela e tomou conta dos pensamentos e sonhos do protagonista.
Já em Goiânia, o jovem frequenta o curso técnico do comércio e conhece sua segunda paixão, ou segunda quase mulher, para sermos fiéis ao título do romance. Nos turbulentos anos de chumbo da ditadura militar, em plena década de 1970, a japonesa e aspirante a atriz Emico entra na vida de Rafael como um furacão, levando-o a participar de encontros políticos clandestinos, não por escolha consciente mas pelo fato de estar perdidamente apaixonado pela moça.
A terceira quase mulher é a mais misteriosa, e não menos atraente Leci. Sem amarras nem preconceitos, a mineira tresloucada tira o jovem protagonista do sério. Rafael fica disposto a tudo para manter um compromisso sério com a moça, mas novamente o destino parece conspirar contra seus casos de amor. E o desfecho da narrativa é imprevisível.
Os romances de Ivair Lima são assim: breves, intensos e com gosto de quero mais. Mas suficientes para mostrar como foi determinado período histórico que muitos viveram e do qual se lembram bem, mesmo que na época ainda fossem crianças ou adolescentes. “Minhas quase mulheres” é uma obra para ser lida em duas ou mais noites, pois é curto (108 páginas), leve e rápido. Mas deixa no leitor uma sensação de dever cumprido.
Ivair Lima é mineiro de nascimento radicado em Goiânia. Formado em Psicologia, trabalhou como psicólogo, repórter, bancário, professor, auxiliar de escritório, funcionário público, comerciário, comerciante e auxiliar técnico de raio X. Autor prolífico, já produziu peças de teatro, contos, poesia, letras de músicas, crônica e pequenas novelas.
Outras obras do autor são: “Um Encontro no Lola’s”, “Minha Perna e Maria”, “Até o Diabo Chegar Com o Samba”, “Grete Sansa Encontra o Sol”, “O Verde e as Pedras”, “Vida Sverák” e “Uma Noite com Ingmar Bergman e a Morte” (este último romance citado aqui também resenhado por mim e publicado pelo Jornal Opção em 10 de dezembro de 2023).
Pois é, Ivair, se eu sou uma traça (que gosta tanto de ler livros), você é um grande escudeiro das artes literárias, um Don Quixote das letras, lutando diariamente contra moinhos de vento imaginários para poder publicar suas obras. Dessa forma, penso que nossa disputa de leitora versus escritora seguirá adiante.
Mariza Santana, jornalista e crítica literária, é colaboradora do Jornal Opção [Email: marizassantana@gmail.com]
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