Mato Grosso do Sul tem risco de epidemia de dengue em 2026, conforme modelo matemático, e, na próxima temporada, o maior alerta é para circulação do sorotipo 3. Como as maiores cidades adotaram medidas inovadoras - método Wolbachia em Campo Grande (bactéria que reduz a capacidade do Aedes aegypti de transmitir a doença) e projeto de vacinação em Dourados – 2026 será um grande teste no Estado. De acordo com o infectologista Júlio Croda, que é pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), após 2024 e 2025 com casos em queda, a tendência para 2026 é de maior circulação da dengue no Estado. O cenário é devido a condições ambientais, como calor e chuva, e porque há mais pessoas suscetíveis após dois anos sem epidemia. As projeções sobre o futuro da dengue são traçadas a partir de condições climáticas e de circulação prévia do mosquito e do vírus. “Essas projeções são modelos matemáticos. E, por isso, que existe essa perspectiva de epidemia de dengue no Mato Grosso do Sul”, afirma o pesquisador. Estratégias inovadoras – Na Capital, estudo comprovou que a soltura de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia resultou na redução de 63,2% na incidência da doença em 2024. Em Dourados, houve vacinação em massa. “O ano de 2026 será um grande teste para a dengue em Mato Grosso do Sul, principalmente para essas novas tecnologias nas duas principais cidades. O que a gente pode observar é uma circulação intensa em outros municípios, onde não têm essas estratégias de prevenção”, diz Croda. Segundo o pesquisador, Dourados é a cidade do Mato Grosso do Sul, do Brasil e do mundo que tem maior cobertura para dengue. Mais de 91 mil pessoas se vacinaram com a primeira dose e mais de 37 mil se vacinaram com a segunda dose. “É importante a gente observar, manter as medidas preventivas já existentes de controle vetorial, entender qual vai ser o impacto dessas duas medidas inovadoras de prevenção, vacinação em massa em Dourados e Wolbachia em Campo Grande no controle da doença. Mas a tendência é que nos demais municípios haja uma circulação intensa da dengue”. O Estado é formado por 79 municípios. Preocupação – Para 2026, no período de janeiro a abril, há possibilidade de aumentar a circulação do sorotipo 3 da dengue. “Nossa grande preocupação, nesse momento, é o sorotipo 3. Nos últimos anos, a gente teve circulação recente de sorotipo 1 e 2”, afirma Croda. Contudo, em São Paulo (SP), 30% da epidemia de 2025 foi associada a sorotipo 3. “A tendência é de que esse sorotipo possa se tornar predominante, principalmente aqui no Estado, onde ele circulou há muito tempo e a população não tem uma imunidade muito elevada”. Dados - De acordo com o boletim da 50ª semana epidemiológica, divulgado pela SES (Secretaria Estadual de Saúde) em 22 de dezembro, Mato Grosso do Sul registrou 14.171 casos de dengue e 20 óbitos. Em 2024, foram 19.403 casos no Estado. O gráfico da série histórica da doença no Estado registra essas oscilações, com pico da dengue a cada dois anos. Em 2016, depois de 51.109 casos, os anos seguintes foram com números menores: 2.356 em 2017 e 5.688 em 2018. Depois, em 2019, o salto foi para 65.675 casos. O número seguiu alto em 2020 (52.580 casos prováveis). Mas registrou redução no comparativo com 2021 (10.038) e 2022 (26.478). Em 2023, novo pico, com 45.502 casos, num novo ciclo de queda. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .