Casos de obesidade crescem entre nativos do Ártico
Historicamente, excesso de peso sempre foi uma característica inexistente entre os moradores do Norte. No entanto, o primeiro caso de obesidade clínica entre os povos nativos de Iamal, no noroeste siberiano, foi registrado em 2017.
Nos últimos anos, os médicos já havia expressando preocupação sobre a rapidez com a qual os habitantes das regiões do norte do país estavam ganhando peso.
Para os especialistas, esse desenvolvimento está relacionado com uma mudança dramática na dieta dos povos nativos, que deixaram de ter um estilo de vida nômade e hoje vivem nas aldeias.
“Eles estão se movendo menos do que os nômades. As pessoas que vivem em tendas (especialmente homens) caminham dezenas de quilômetros por dia. Eles têm porte atlético e sem sinais de gordura, mesmo que bebam chá com açúcar sete vezes ao dia e consumam diariamente uma lata de leite condensado (se puderem pagar). Isso porque eles gastam muita energia”, disse Andrêi Popov, do Centro Científico de Estudos do Ártico, em entrevista ao site de notícias Lenta.ru.
Além do estilo de vida, a dieta dos povos nômades também ajuda a evitar a obesidade, destaca o cientista. “Metade da dieta de quem vive na tundra consiste em carne e peixe crus. Quando abatem um cervo, sempre bebem o sangue. Parte dele é congelado e armazenado para o futuro. E então o consumem todos os dias, como as multivitaminas que tomamos”, explicou.
Alcoolismo, câncer e outras doenças
Além da obesidade, doenças cardiovasculares e endócrinas, que antes não existiam entre os habitantes do Norte, também cresceram na região.
O mesmo acontece com os casos de câncer, “devido ao uso de produtos químicos domésticos e ao aumento natural da expectativa de vida”, observou o cientista.
Já o consumo abusivo de bebidas alcoólicas registrado por esses povos, estaria relacionado a questões sociais e ao desemprego, além da pouca tolerância ao álcool.
De acordo com um relatório da Rospotrebnadzor (agência de vigilância sanitária da Rússia), os níveis mais altos de obesidade entre a população adulta do país (com idade igual ou superior a 18 anos) foram identificados em diagnósticos de 2015: no Distrito Autônomo de Nenets (1.031/100 mil adultos), nas regiões de Altai (976/100 mil) e Penza (679/100 mil).
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