Cartilhas russas, da Idade Média à URSS (passando por Tolstói)
A primeira cartilha eslava de todos os tempos apareceu no século 16, escrita pelo “Gutenberg russo” Ivan Fiôdorov. Seu principal objetivo era publicar livros religiosos, como a Bíblia, o Evangelho e os Salmos, mas ele também publicou um livro sobre o alfabeto em 1574 e até uma edição revisada posteriormente.
A cartilha de Vassíli Burtsov, 2° edição,1637. / Foto: www.edu.ru
Seguindo as tradições de Ivan Fiôdorov, Vassíli Burtsov foi um dos primeiros a acrescentar ilustrações em uma cartilha.
“Palavra nativa”, de Konstantín Ushínski. / Foto: Arquivo
Pioneiro em pedagogia, ele também acrescentou um guia para professores sobre como usar o livro. Sua cartilha, que foi reeditada diversas vezes, foi utilizada até 1917. É possível encontrá-la digitalizada sem dificuldades na internet. A cartilha de Lev Tolstói. / Foto: Arquivo
Tolstói escreveu sua própria cartilha, que ensinava a ler, escrever, contar e tinha notas para os professores sobre como utilizá-la. A primeira edição do livro foi alvo da crítica, por isso Tolstói a reescreveu e a nova versão foi recomendada pelo governo para todas as escolas.
Com a Revolução Russa de 1917, um novo regime chegou ao poder, e o alfabeto também mudou, com algumas letras a menos. O poeta revolucionário Vladímir Maiakóvski escreveu uma das primeiras cartilhas lançadas sob as novas normas, em 1919.
Até a Revolução Russa de 1917 a educação não era obrigatória. Obviamente, muita gente mais aberta e da classe média fazia seus filhos estudarem, fosse em escolas ou com tutores particulares, e havia também escolas para crianças camponesas.
Uma das cartilhas mais disseminadas no período foi a escrita por Serguêi Redozubov para escolas urbanas (as rurais normalmente usavam outros livros). Era um livro mais complicado, com poemas e interpretações fáceis de contos russos.
Um dos livros mais populares nas escolas rurais era a cartilha de Aleksandra Voskresenskaia. Ele explicava a vida rural às crianças, assim como os tipos de animais e vegetais.
A cartilha de Vseslav Gorétski./ Foto: Editora Prosveshchênie
Atualmente, a cartilha best-seller russa é a de Nadêjda Júkova, lançada em 1999. A autora é uma especialista em “terapia da fala” com mais de 30 anos de experiência. O livro ensina, de maneira engraçada, as crianças a ler e a evitar erros gramaticais.