Entenda por que sem Neymar (ou sem seu parceiro) o hexa corre risco
Se quiser realmente a Taça Fifa, esqueça a política. O Brasil tem sua dupla “Batman e Robin” e vai precisar dela em campo para vencer a Copa
Um leigo em futebol que assistiu à partida contra a Suíça deve ter ficado decepcionado e achado que a seleção jogou mal. Depois do golaço de Richarlison e do 2 a 0 contra o que souberam ser o adversário mais difícil do grupo, esse tipo de torcedor esperava no mínimo um placar superior.
O futebol é um esporte sem qualquer lógica. O resultado final no placar do estádio não reflete, grande parte das vezes, o que se viu em campo. Fosse ter coerência, as Copas do Mundo de 54, 74 e 82 teriam de ter sido vencidas respectivamente por Hungria, Holanda e Brasil, porque essas equipes, naqueles torneios, eram muito superiores às demais. Mas os craques canarinhos não passaram nem da segunda fase em 82…
Fato é que desta vez, no Catar, o Brasil está mais favorito e mais bem preparado para ganhar uma Copa do que esteve desde 2002. É o que diz boa parte daqueles que acompanham muito de perto o dia a dia da seleção e do futebol pelo mundo, como o jornalista Thiago Arantes, o entrevistado da semana no Jornal Opção e que esteve “in loco” nos últimos amistosos do time de Tite na França.
Por coisas como o descrito no penúltimo parágrafo acima, não dá para garantir nada no futebol. Mas tem algo que será fundamental para que a seleção brasileira avance na competição com certa segurança: o retorno de Neymar.
Antes de continuar, um “disclaimer”: estou entre os que não optaram pela linha política que o camisa 10 adotou nas últimas eleições. Mas, como dizia Tim Maia, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Nenhum de nós vai ter “Menino Ney” como genro ou cunhado. E, seja qual for sua preferência ideológica, não há espaço para discutir o que o cara fez diante da urna (na verdade, não fez nada, porque ele, como Ciro Gomes em 2018, estava em Paris).
Quem torce para a seleção não quer Neymar para declarar voto, mas para jogar bola, que é o que realmente ele sabe fazer e muito bem. Ainda que lhe pese a merecida fama de marrento e “cai-cai”, ele é sem dúvida o mais talentoso entre todos os selecionados. E isso é muito, porque estamos diante de uma nova geração com muito potencial. Principalmente para o ataque, são muitas as opções que poderão servir ao Brasil por ainda outras duas ou três Copas.
Voltando ao jogo desta segunda-feira, 28, a Suíça deu mais trabalho do que a Sérvia exatamente porque Neymar não estava em campo. Com ele, ninguém tem dúvidas de que seria muito diferente.
A lesão do principal jogador do Brasil facilitou o trabalho de Murat Yakin, o treinador da Suíça. Se o objetivo era parar o ataque brasileiro e garantir o empate – os suíços pouco se arriscaram e o goleiro Alisson permanece sem nenhuma defesa difícil no Mundial –, a preocupação ficou bastante reduzida sem ter em campo um dos maiores “quebradores de linha” (tenho a esperança de que um dia vão usar “fura-zaga” para melhor traduzir isso) do planeta.
Com Lucas Paquetá abatido em campo, Vinícius Júnior passou a ser o foco da marcação dos europeus. E daí se explica por que ficou tão difícil penetrar a área adversária e por que o garoto Richarlison teve uma apresentação tão apagada – a bola não chegava, nem pelo alto, com a boa colocação dos defensores.
Os gols – o que foi anulado e o que decretou a magra vitória – saíram quando não deram conta de segurar Vinícius, que marcou o invalidado e participou fundamentalmente do gol de Casemiro. Em tempo, foi uma jogada “nascida” no Real Madrid, já que o autor se consagrou pelo clube espanhol – está hoje no Manchester United – e Rodrygo, que fez a assistência, é companheiro de Vini Jr. por lá.
A defesa brasileira é bastante segura, mas não se ganha Copa com 0 a 0
Na defesa, a postura da seleção brasileira guarda algumas semelhanças com a de 1994, com uma dupla de zaga muito segura, com uma proteção eficaz de laterais e volantes (Paquetá tem feito esse papel muito bem), e um goleiro que lembra Taffarel na tranquilidade que traz e na facilidade com que parece jogar.
Só que Copa do Mundo, como vimos também em 94, não se ganha com 0 a 0. Se o Brasil quiser decidir seus jogos no tempo normal ou, no máximo, com a prorrogação, precisa de Neymar de volta. Ele vai ajudar a furar qualquer defesa que houver pela frente. Como Batman, ele não tem superpoderes, mas é cheio de recursos.
Também como Batman, ele vai precisar de um ajudante fundamental nessa missão de abrir espaços no campo rival. O nome do Robin? Vinícius Júnior. Com os dois em campo, será difícil, muito difícil, qualquer equipe parar a seleção.