Anistia Internacional detona discurso de Cristiano no Al Nassr
"Em vez de oferecer elogios acríticos à Arábia Saudita, Ronaldo deveria chamar atenção aos problemas de direitos humanos no país", diz porta-voz da ONG
A ida de Cristiano Ronaldo ao Al Nassr, um dos principais clubes da Arábia Saudita, foi rechaçada pela Anistia Internacional, principal ONG dedicada à defesa dos direitos humanos no mundo. A entidade criticou o discurso de CR7 em sua apresentação no clube, quando ele disse que queria "participar no sucesso do país e sua cultura".
"Em vez de oferecer elogios acríticos à Arábia Saudita, Ronaldo deveria usar sua plataforma pública considerável para chamar atenção aos problemas de direitos humanos no país", disse Dana Ahmed, pesquisadora do Oriente Médio da Anistia.
A ONG também alertou que a contratação do craque possa ser um exemplo de "sportswashing", termo usado para se referir ao uso do esporte por parte de governos autoritários para esconder problemas internos - incluindo aqueles relativos aos direitos humanos. Assim, pediu que o craque português use sua voz para se pronunciar sobre o desrespeito aos direitos humanos no país.
"A contratação de Ronaldo pelo Al-Nassr se encaixa em um padrão mais amplo de sportswashing na Arábia Saudita. É muito provável que as autoridades sauditas promovam a presença dele no país a fim de distrair para o histórico terrível de direitos humanos do país", afirmou Dana.
No comunicado publicado pela Anistia, a pesquisadora ainda detalhou graves acusações contra o país. Em sua chegada, Cristiano Ronaldo negou que tenha ido ao clube pelo dinheiro oferecido. Segundo a mídia europeia, o contrato do jogador chega aos 200 milhões de euros (1,1 bilhão) anuais.
"A Arábia Saudita executa regularmente pessoas por crimes incluindo assassinato, estupro e tráfico de drogas. Num único dia no ano passado, 81 pessoas foram mortas, muitas condenadas em julgamentos grosseiramente injustos. As autoridades também continuam em sua repressão à liberdade de expressão e associação, com penas de prisões pesadas a defensores de direitos humanos, dos direitos das mulheres e outros ativistas políticos".
"Cristiano Ronaldo não pode permitir que sua fama e status de celebridade se tornem uma ferramenta de sportswashing dos sauditas. Ele deve aproveitar seu tempo no Al-Nassr para falar sobre o vasto número de problemas com direitos humanos do país", encerrou.