Em seu discurso de posse, novo presidente explicou de forma clara o que prevê acontecer ao implementar seu programa de governo neoliberal de estagnação da inflação
247 - Durante seu discurso de posse no domingo, 12, o presidente eleito Javier Milei voltou a mencionar a "estanflação", um termo que já havia introduzido antes de assumir o cargo. "Vai haver estagflação, porque quando fizer o reordenamento fiscal, isso terá um impacto negativo na atividade econômica", expressou Milei há algumas semanas. Mas, afinal, o que é estagflação?
O novo presidente explicou de forma clara o que prevê acontecer ao implementar seu programa de governo neoliberal. Embora durante a campanha tenha repetido que o ajuste não seria "pago" pelo povo, essa afirmação sinaliza um caminho diferente, destaca reportagem do Página 12.
O que é estagflação?
Em resumo, estagflação é a junção dos termos "estagnação" e "inflação". Significa que os preços continuarão a subir, porém, em um ritmo mais acelerado, mas, ao contrário do que ocorre atualmente, a atividade econômica diminuirá.
Talvez por isso, após seu prognóstico desafiador para o país, Milei assegurou que "a única carteira que estará aberta será a do Capital Humano para dar suporte aos caídos". Os "caídos" serão aqueles excluídos do sistema, os novos desempregados.
Não por acaso, nas últimas horas, começaram a circular notícias sobre demissões em massa em indústrias e obras públicas. Uma dessas empresas está ligada à própria família do futuro ministro da Economia, Luis "Toto" Caputo.
É possível evitar a estagflação?
Contudo, o caminho de estagflação que aguarda a Argentina na ótica de Javier Milei não é o único possível. Assim explicou, na AM750, a doutora em Desenvolvimento Econômico, diretora do Banco Nacional e deputada nacional eleita, Julia Strada.
Para a especialista, se a Argentina caminhar para um cenário de estagflação, será por conta das políticas que o próprio presidente adotará. Isso implica em uma política de liberalização de preços, sem nenhum tipo de regulação sobre importações e exportações.
"O Milei está se prevenindo para o que suas próprias políticas vão gerar, ou seja, queda na atividade econômica com alta inflação. É isso que está acontecendo nestes dias. Aconteceu também quando Macri venceu no segundo turno", disse Strada.
Ela acrescentou: "Devemos destacar por que haverá inflação. Porque haverá uma política altamente depreciação da moeda. Ele mesmo está antecipando isso. Além disso, há uma série de regulamentações estatais das quais ele não acredita."
Desconsiderar essas medidas só resultará em um aumento repentino e abrupto nos preços. Algo semelhante ao que já ocorreu quando expirou o prazo previsto para os Preços Justos após as eleições e os reajustes foram enfáticos.
O caminho alternativo à estagflação
A alternativa é um caminho de estímulo à indústria, gerando divisas para fortalecer as reservas, conforme explicou Strada. Ela afirmou que o caminho a ser seguido é exatamente o oposto ao proposto por Milei.
"Devemos evitar um aumento de preços como o que ele está impulsionando e fazer crescer a atividade econômica, que exige um novo quadro de geração de dólares. Estamos vendo, pelo contrário, casos de demissões na indústria", concluiu a especialista.
