Páginas de revolta
Vai da demissão de João Saldanha pelos dirigentes no dia 18 de março, do convite para que ele assumisse a seleção a 73 dias da primeira partida e da Copa, jogo a jogo, até a volta triunfal ao Rio ao som de "Pra Frente Brasil" e sua chegada em casa, na Tijuca. E este último foi o episódio que faltou na cobertura.
Poucos se lembram do inferno vivido pela seleção até o seu embarque para o México. O time, depois de uma campanha brilhante com Saldanha nas eliminatórias, afundou em crise, insuflada por um Saldanha de repente errático e descontrolado, ameaçando quebrar caras, fuzilar desafetos e barrar Pelé por miopia.
Sua demissão, ao contrário do que se diz hoje, não foi política, mas pelo caos e pelos resultados pífios nos amistosos. A chegada de Zagallo não melhorou o quadro. Ele mudou o time, mas este continuou mal nos jogos-treino. A mídia vergastou-o e à seleção todos os dias, até a estreia na Copa e mesmo depois dos primeiros jogos. Ninguém acreditava nele.
Mas o tri calou todo mundo. Conquistada a taça e de novo em casa, Zagallo foi recebido por sua mulher Alcina. Em meio à emoção do reencontro, ele soube dos insultos e ameaças a ela e a seus filhos na rua, em casa, por telefone, dia e noite, por quase três meses, desde que ele assumira o cargo e se mudara para a concentração. Ela o poupara do suplício em que viviam. No livro, um Zagallo transtornado descreve como recebeu aquilo. São páginas de justa revolta.
Sua família sofrera ao vivo o massacre que hoje se pratica pelas redes sociais. Leia mais (01/10/2024 - 08h00)