Antes da Lei Áurea, Corumbá já tinha sociedade para abolir escravidão
Durante sua formação, Corumbá integra o cenário brasileiro com a exploração de escravos como ferramenta de colonização. Em celebração ao aniversário Comarca de Corumbá , o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) incluiu no livro “Corumbá 150 Anos - Rastros da História” particularidades da cidade e, entre os destaques, está a Sociedade Abolicionista Corumbaense. De acordo com a publicação, o movimento começou em 1884, quatro anos antes da publicação da Lei Áurea. Nesse ano, a sociedade tomou como base a Junta de Emancipação com o Fundo de Emancipação (uma contribuição que o governo imperial atribuiu aos municípios e províncias para indenizar os ‘senhores’ devido à libertação dos escravos). Para conseguir seguir o processo, era necessário angariar fundos e, por isso, a sociedade desenvolveu a organização de conferências, quermesses, feiras, bazares, recitais e atividades típicas. Tudo isso também ocorria em outros locais do território nacional com o mesmo intuito. “O movimento ganhou a adesão de senhoras uruguaias que enviaram ‘prendas’ para a campanha abolicionista”, descreve a publicação do TJMS. Sobre a instalação real do grupo abolicionista, a historiadora Eunice Ajala Rocha relata que o evento foi realizado “num clima de entusiasmo e euforia, entre vivas e aplausos. Nela se manifestou a ação espontânea de dois dos seus organizadores, que libertaram seus únicos escravos em homenagem à sua fundação”. Ainda conforme a historiadora, quem presidiu a cerimônia foi o juiz de direito da comarca, José Joaquim Ramos, convidado pela comissão organizadora. No evento, o primeiro presidente eleito foi o coronel Arthur José da Costa. Além da sociedade, outras pessoas também se uniram e ofereceram seus serviços pela causa, além de integrantes do Exército e da Marinha. Conforme os eventos se realizavam, o apoio às ideias abolicionistas seguiam aumentando e, conseguindo cartas de liberdade, outros escravos passavam a pedir valores para também conseguirem seus direitos. Em seu estatuto, o principal objetivo era “a libertação do maior número possível de cativos dna vila” e eram processadas após o Poder Judiciário avaliá-las e os pagamentos serem feitos. Durante seu primeiro ano, a sociedade realizou diversos eventos, mas o ritmo diminuiu até que não houve registro de atividades por quase quatro anos, conforme descreve o livro do Tribunal de Justiça. Foi em 1888 que o único integrante que havia restado da formação original se reuniu com outros dois membros da sociedade para discutir sobre a Lei Áurea. Ao entender que o grupo já havia cumprido sua missão, o grupo entregou o estatuto e fez uma prestação de contas à sociedade. Segundo os documentos históricos, seis escravos foram alforriados a partir dos eventos e doações recebidas pela Sociedade Abolicionista. “O encerramento das atividades culminaram com os festejos da Abolição. Por ocasião do encerramento, a Sociedade possuía em seus cofres a importância de duzentos e trinta e oito mil e oitocentos e quarenta réis. Parte dessa importância foi utilizada com a aquisição de materiais destinados aos festejos”, relata a publicação. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .