Com prazo para “plano contra mau cheiro”, frigorífico ignora audiência na Câmara
Audiência pública na Câmara Municipal para discutir a situação do mau cheiro gerado pelo frigorífico JBS, que afeta o bairro Nova Campo Grande e outros da região, na manhã desta quarta-feira (3), não teve a presença de representantes da empresa. Moradores desabafaram sobre o incômodo que se arrasta há mais de 20 anos e foram lembrados que quando o frigorífico foi instalado a área urbana estava afastada da empresa, mas devem aguardar melhorias com o desfecho da fiscalização ocorrida. Após vistorias nos dias 17 e 19 de fevereiro, ficou firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e a empresa se comprometeu a apresentar projeto de sistema de controle de emissões atmosféricas (mau cheiro). O prazo de 60 dias se encerra no dia 21 de abril, segundo a fiscal do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Sandra Regina Dambus. A empresa deverá pagar R$ 70 mil por descumprimento anterior de normas da licença ambiental, e, ainda, apresentar estudos técnicos de investigação de eventual área contaminada e de adequado gerenciamento dessas áreas, caso comprovada a contaminação. Sandra lembrou que desde 2012 o Imasul mantém contato com a empresa para “melhorias dos sistemas” e em 2018 foi solicitado um programa de melhoramento e já há previsão da redução de emissão de odores. “Umas das coisas que pedimos [ao frigorífico] foi o documento comprobatório referente à destinação dos resíduos orgânicos gerados na empresa, se é que eles estão emitindo rapidamente. Então, a gente está aguardando esse relatório deles e no momento em que foi emitida aquela licença todas as ações que poderiam ser implementadas para reduzir o odor foram cobradas pelo Imasul e estamos tendo essa percepção pela própria comunidade vizinha que não está sendo o suficiente”, disse Sandra. A fiscal destacou também que há uma população que não deveria estar perto do frigorífico, mas ponderou que deve haver uma solução sem a retirada da empresa, que representaria perda de empregos e sem a saída dos moradores. “A cidade cresceu em direção ao frigorífico, que é mais antigo do que a comunidade, mas isso também não impede que sejam tomadas as ações necessárias para que não tenha esse incômodo”, disse. A audiência foi promovida pela Comissão Permanente de Meio Ambiente, presidida pelo vereador José Jacinto Luna Neto, o “Zé da Farmácia” (PSDB). A vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Nova Campo Grande, Fábia Brites, disse que o problema se arrasta há mais de 24 anos e agora eles não querem mais uma redução na incidência do cheiro, mas sim a solução do problema. “Há momentos em que se reduz, mas há momentos em que, com o perdão da palavra, abre-se a descarga do fedor”, comentou Fábia. Superintendente de Meio Ambiente da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Gisele Giraldelli explicou que a secretaria fez levantamento em toda a região desde que começou a receber reclamações. O bairro Nova Campo Grande tem 19 licenças, sendo a maior parte comércios de serviços e vendas que não geram o problema. “O fiscal da região tem procurado verificar se existe alguma atividade clandestina, que opera sem licença, de maneira clandestina, de maneira irregular e possa estar ocasionando impactos como mau odor e até o momento não foi encontrada atividade clandestina”, disse. Resultado - A comissão da Câmara irá enviar um relatório com todas as ideias propostas pelas entidades presentes, assim como a população do bairro para a JBS e aos órgãos que não se fizeram presentes na audiência. Conforme o vereador Zé da Farmácia, os parlamentares irão expor as respostas destes ofícios da maneira mais transparente possível assim que as receberem. A ideias fomentadas na audiência foram o aumento do cinturão arbóreo em torno da planta frigorífica; a revitalização de canos e estruturas em torno do frigorífico; ações sociais para os bairros do entorno, patenteados pelo frigorífico e fiscalizações com maior intensidade por parte dos órgãos Imasul, Ministério Público e Sesau (Secretaria Municipal de Saúde)”, informou o vereador. Outro lado- A empresa se manifestou por meio da Assessoria de Imprensa, informando que a JBS cumpre a "legislação ambiental e mantém rígidos padrões de segurança no descarte dos resíduos de sua atividade industrial" em todas suas operações. Ainda constou que recente fiscalização do Imasul não verificou "inconformidades diretamente relacionadas ao mau cheiro" nos bairros da região da unidade. A nota finaliza com a informação de qe a companhia "está atenta às demandas da comunidade de Nova Campo Grande", mantendo disposição de dialogar com os moradores. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .